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As dez piores contratações da temporada 22/23

Arthur Melo (Juventus > Liverpool)

Quando o Liverpool anunciou a contratação de Arthur no apagar das luzes da janela de transferências, pegou muitos torcedores de surpresa. Desde a sua ida para a Juventus, o meia pouco convenceu, tanto que a Velha Senhora sequer fez questão de mantê-lo em seu elenco e o emprestou para os Reds.

O brasileiro viria para disputar posição com Thiago Alcantara. O camisa 6 tem um longo histórico de lesões e trazer Arthur para o substituir fez pouco sentido, já que é outro jogador que vive constantemente lesionado. Em suas duas temporadas em Turim, foram mais de 150 dias no departamento médico. Não deu outra. Em Anfield, o meia atuou somente 13 minutos e se lesionou na coxa durante um treino. Foram cinco meses de recuperação e quando voltou aos gramados, foi para atuar no time sub-21. Ainda em maio, o Liverpool já tinha falado que não exerceria a cláusula de compra e, retornando à Juventus dificilmente será aproveitado.

Richarlison (Everton > Tottenham)

A missão de Richarlison no Tottenham era ingrata, afinal, precisaria disputar posição com Kane, Son e Kulusewski e ainda tinha o peso do valor da transferência, que foi de 58 milhões de euros.

Por estar na Premier League desde 2017 e ter sido um dos poucos destaques do cambaleante Everton, se imaginava que o brasileiro pudesse brigar pelo seu espaço dentro do 11 inicial dos Spurs. Mas dentro dos gramados, víamos muito mais um jogador preocupado em discutir e provocar os adversários do que realmente jogar bola. Após a eliminação na Liga dos Campeões, ainda se envolveu em uma polêmica com Antônio Conte, ao reclamar do seu tempo de jogo. Talvez algumas pequenas lesões sofridas no decorrer da temporada tenham impedido de Richarlison mostrar o seu melhor futebol, mas a verdade é que ele só teve espaço quando Kulusewski estava lesionado. E mesmo quando teve sequência, não demonstrou grande desempenho e a prova é ter marcado apenas três gols, sendo dois contra o Marseille e sete meses depois, diante do Liverpool, na Premier League.

Podemos dizer que um dos poucos pontos positivos do jogador na temporada foi a Copa do Mundo. Foram três gols em quatro jogos, além de ter o gol mais bonito do torneio, contra a Sérvia, chegando a concorrer ao prêmio Púskas.

Kalvin Phillips (Leeds United > Manchester City)

Mesmo não jogando em um time badalado, como era o caso do Leeds United, Kalvin Phillips era um primeiro volante de muita categoria, alinhando raça com qualidade na saída de bola. Foi titular da Inglaterra no vice-campeonato europeu e parecia questão de tempo até dar um salto na carreira.

Acabou indo para o Manchester City por 49 milhões de euros. Por mais que o clube já tivesse Rodri na posição, Guardiola poderia encontrar espaço para o inglês jogar junto com o camisa 16, liberando mais o espanhol para o ataque e deixar Phillips preso no campo de defesa, ou até mesmo fazer um terceiro zagueiro. Mas o volante se machucou e perdeu jogos no início da temporada. Quando jogou, entrou na reta final das partidas em que pouco lembrava aquele jogador da época de Leeds.

Se foi titular na Euro, Phillips perdeu espaço no English Team e só atuou em dois jogos na Copa do Mundo. Após o Mundial, se reapresentou acima do peso e foi afastado por Guardiola, que o criticou publicamente. Na temporada, foram somente 21 partidas.

Mykhaylo Mudryk (Shakthar Donetsk > Chelsea)

Antes de se firmar como um dos protagonistas do Shakthar, Mudryk havia passado por empréstimo pelo Arsenal Kyev e Desna, mas quando voltou para Donestk, em 2021, o ucraniano tornou-se um dos principais jogadores da liga local e fez uma metade de temporada 22/23 fantástica, com dez gols e oito assistências em 18 jogos. O bom desempenho chamou a atenção do Arsenal, que chegou a oferecer 70 milhões de euros e já tinha um acordo bem encaminhado. Só que o Chelsea apareceu para dar o famoso “chapéu” no rival. Os Blues pagaram os mesmos 70 milhões, só que mais 30 de bônus, podendo chegar aos 100 milhões de euros.

100 milhões por um jogador que já tinha 22 anos, menos de 65 jogos como profissional e sequer era titular absoluto da seleção ucraniana, tendo participado de apenas oito jogos, fez muitos criticarem os valores pagos pelo Chelsea, além de questionar o fato de Mudryk ter uma amostragem pequena como jogador para que valesse tão caro assim.

Ele estreou em um 0 a 0 diante do Liverpool e nos 35 minutos que esteve em campo, deixou uma boa impressão, com boas jogadas pelo lado esquerdo, onde deu muito trabalho para Alexander-Arnold. Mas ficou nisso, basicamente.

Seja com Potter, seja com Lampard, o camisa 15 não teve sequência no time e só jogou os 90 minutos em uma partida, sendo que muitas vezes, sequer saiu do banco de reservas. Em 17 jogos, não balançou as redes, mas deu duas assistências.

Paul Pogba (Manchester United > Juventus)

A cada janela de transferência, uma possível saída de Pogba dos Red Devils voltava à tona. Os ingleses não liberaram e o francês só foi sair do clube quando seu contrato terminou. O jogador nunca escondeu que tinha interesse em retornar à Juve. Após seis anos, enfim ele pode voltar ao time italiano.

Pogba havia acabado a temporada no United com uma lesão na coxa. Depois, durante os treinos, já na Juventus, lesionou o joelho na pré-temporada. Os médicos recomendaram uma cirurgia para reconstruir o local, mas o jogador recusou com medo de perder a Copa do Mundo. Como o tratamento convencional e sessões de fisioterapia não foram o suficiente, ele optou pela cirurgia, ficando de fora do mundial do Catar.

Um pouco antes da virada do ano, o técnico Massimiliano Allegri disse que Pogba não tinha uma evolução consistente e que não sabia quanto tempo o francês ficaria afastado. Foram longos 297 dias até reestrear em um clássico contra o Torino em fevereiro. Atuou em mais uma partida até se lesionar novamente. Foi mais um mês afastado e voltar em abril. Desde então, o meia passou a ganhar mais minutos em campo, deu uma assistência contra o Sevilla na Liga Europa e na sequência, teve sua primeira partida como titular diante da Cremonese, mas durou 25 minutos e precisou ser substituído com problemas na coxa e ali, encerrou-se a temporada do jogador.

Matt Doherty (Tottenham > Atlético de Madrid)

Provavelmente a contratação mais aleatória da lista – e que talvez nem você lembrasse. O irlandês, quando atuou pelo Wolverhampton, era um dos principais alas do futebol inglês, devido a sua qualidade ofensiva, contribuindo com gols e assistências. Quando se transferiu para o Tottenham em 2020, era a oportunidade ideal para se destacar em um clube maior.

Só que em Londres, o jogador nunca foi titular absoluto, alternando com Aurier em sua primeira temporada e depois com Emerson Royal na equipe principal. Em janeiro, os Spurs investiram pesado na contratação de Pedro Porro, além de Emerson ter tido um desempenho melhor do que o irlandês quando jogou. Sem espaço, teve seu contrato reincidido no início do ano. Livre no mercado, acertou um contrato curto até o final da temporada com o Atlético de Madrid.

Precisando disputar posição com Nahuel Molina, um dos pilares defensivos do time de Simeone, Doherty esquentou o banco no Civitas Metropolitano e participou de apenas duas partidas, colecionando 16 minutos em campo. Ao final da temporada, o jogador foi dispensado.

Sadio Mané (Liverpool > Bayern de Munique)

A ida de Mané para o Bayern foi algo surpreendente. O senegalês era um dos pilares do time do Liverpool, mas quis respirar novos ares e foi para a Alemanha, após oito anos atuando no futebol inglês.

Por 32 milhões de euros, Mané desembarcou em Munique e seria uma peça que agregaria em todos os setores no ataque. Poderia jogar pelo lado esquerdo, disputando posição com o irregular Sané ou até como centroavante, já que Lewandowski havia acertado com o Barcelona. E a primeira metade de temporada do jogador foi excelente, com 11 gols e quatro assistências.

Só que durante uma vitória sobre o Werder Bremen em novembro, o atacante saiu lesionado e foi cortado da Copa do Mundo. Depois disso, sua temporada ruiu totalmente. O ambiente conturbado no Bayern não ajudou muito, com Julian Nagelsmann sendo demitido e substituído por Thomas Tuchel, e o estopim veio em abril, quando, supostamente, teria dado um soco no rosto de Sané durante o intervalo na derrota de 3 a 0 para o Manchester City. O jogador foi multado e suspenso.

Em 2023, marcou apenas um gol e deu duas assistências. Aos 31 anos e sem clima para continuar na Allianz Arena, Mané teria sido oferecido a alguns gigantes europeus, além de uma oferta do Al-Ettifaq, da Arábia Saudita, que já teria sido recusada.     

Ryan Gravenberch (Ajax > Bayern de Munique)

Um dos tantos talentos que surgem na base do Ajax. Estreou na equipe principal aos 16 anos e era dono do meio-campo da equipe comandada por Erik ten Hag. Comparado a Pogba, devido ao seu físico e facilidade de construir jogadas vindo de trás, colecionava convocações para a seleção principal da Holanda e era um dos queridinhos de Louis van Gaal.

O Bayern de Munique desembolsou 18 milhões de euros para o contratar. Em um setor disputado com Kimmich e Goretzka, o holandês não teve espaço no elenco bávaro. As poucas partidas que disputou, eram sempre entrando no segundo tempo. A falta de minutagem em campo, o fez ficar fora da Copa do Mundo – curiosamente, no álbum de figurinhas, ele era um jogador “Legend”. Se a situação já não estava muito favorável, piorou ainda mais quando, em entrevista, declarou que apesar de não se arrepender de ir para a Alemanha, queria jogar mais minutos.

Seu único momento de destaque foi em jogo da Copa da Alemanha, quando marcou um gol e deu uma assistência na vitória de 5 a 0 sobre o Viktoria Koln.

Renato Sanches (Lille > Paris Saint Germain)

Golden Boy do ano de 2016, o português era apontado como um “flop” após passagens ruins por Bayern de Munique e Swansea City. Foi em 2019, após ir para o Lille, em um ambiente com menos pressão, que o jogador realmente mostrou o seu potencial. Mesmo sofrendo com algumas lesões, foi um dos destaques do time campeão francês na temporada 20/21.

Christophe Gaultier, que foi o comandante do Lille no título da Ligue 1, levou Sanches para o PSG. A missão era ingrata ao brigar por posição com Marco Verratti, e seu conterrâneo, Vitinha, que chegou e conquistou vaga no time titular. Em muitos jogos em que o Paris precisava de mais qualidade no meio-campo, o meia sequer entrava nas partidas, como foi na eliminação da Liga dos Campeões contra o Bayern de Munique. Fabian Ruiz era um dos piores jogadores em campo e quando saiu, foi para dar lugar ao garoto Zaire-Emery.

O português também sofreu com lesões, perdendo 16 jogos na temporada. Como é de praxe após uma eliminação dos parisienses na Champions, é especulada uma lista de jogadores que poderão deixar o clube, e o nome de Renato Sanches seria um deles.

Lucas Ocampos (Sevilla > Ajax)

O habilidoso ponta argentino era um dos jogadores mais regulares do Sevilla nos últimos anos. A prova é que nas três temporadas em que defendeu o clube, marcou 34 gols e deu 15 assistências. Sua ida para o Ajax foi surpreendente, pelo fato de ser uma contratação que foge um pouco do comum do clube de Amsterdã, que opta por usar jovens da base ou nomes menos badalados, já que o argentino tem 28 anos.

Ocampos veio para substituir Antony, que foi para o Manchester United. Parecia ser o substituto ideal para o brasileiro, pelas características semelhantes, principalmente pelo drible e velocidade, mas o jogador atuou apenas em seis partidas e só jogou uma vez os 90 minutos. Sem balanças as redes, o Ajax encerrou o empréstimo já em janeiro e ele voltou ao Sevilla.

De volta ao Sevilla, teve o protagonismo já conhecido antes, sendo um dos responsáveis em ajudar na reação da equipe em La Liga, além da conquista de mais uma Liga Europa. Em 29 jogos, foram cinco gols e duas assistências.   

Menções honrosas

Marcelo (Real Madrid > Olympiakos)
Sergiño Dest (Barcelona > Milan)
Divock Origi (Liverpool > Milan)
Andrea Belotti (Torino > Roma)
Jesse Lingard (Manchester United > Nottingham Forest)
Diego Costa (Sem clube > Wolverhampton)
Neal Maupay (Brighton > Everton)
Takumi Minamino (Liverpool > Mônaco)

Fotos: Divulgação

Estéfano Butzge

Jornalista formado na Universidade Católica de Pelotas. Colecionador de camisas de futebol, torcedor do Internacional, Nottingham Forest e da McLaren na Fórmula 1. twitter

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