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(Foto: Guerin Sportivo) |
Ser terceiro goleiro é uma função ingrata na maioria das
vezes, afinal, vive uma intensa rotina de treinos para praticamente não entrar
em campo. Um grande exemplo atualmente é Scott Carson, do Manchester City. O veterano
está desde 2020 no clube e entrou em campo apenas duas vezes em jogos oficiais.
No início dos anos 2000, o Milan teve em seu elenco Valerio Fiori, um goleiro
que defendeu as cores dos Rossoneri por nove temporadas e conquistou
todos os títulos possíveis, com pouquíssimas partidas disputadas.
E por mais que Fiori tenha jogado pouco pelo clube, ele não
se arrependeu de sua decisão e ainda foi uma figura muito querida pelo
vestiário, já que ajudou no desenvolvimento de outros goleiros. No texto de
hoje, vocês conhecerão um pouco mais sobre Valerio Fiori, o eterno reserva que
tem um currículo de dar inveja a muitos jogadores.
Fiori deu seus primeiros passos no AS Lodigiani, na Série C2
do italiano, até chegar às categorias de base da Lazio na temporada 86/87, para
integrar o time primavera. Era um goleiro que sabia se movimentar com agilidade
e reatividade, mas pecava na saída de gol, sendo inseguro e ficando no meio do
caminho em muitas ocasiões.
Seu cartão de visita nos Biancocelesti não poderia
ter sido melhor, sendo campeão do Italiano de Primavera logo na temporada de
estreia, ao lado de nomes como Giampaolo Saurini, Antonio Rizzolo e Oberdan
Biagioni. Foi promovido ao time principal logo na sequência. A estreia ocorreu
em janeiro de 1989, aos 19 anos, mas o saldo não foi positivo, com a Lazio
sendo derrotada pela Fiorentina por 3 a 0.
Foi mantido para o jogo seguinte, que seria simplesmente um
Derby della Capitale contra a Roma. Desta vez, Fiori teve motivos para sorrir, pois
teve uma boa atuação, além de ter sido salvo pela trave, saiu sem ser vazado e
com uma vitória de 1 a 0.
A sequência como titular aconteceu na temporada 89/90, quando
desbancou Fernando Orsi. Tratado como o goleiro mais promissor do futebol
italiano, foi convocado por Cesare Maldini para a seleção sub-21, disputando quatro
jogos pela base da Azurra.
No entanto, nos momentos de maior pressão na Lazio, Fiori cometeu
falhas, especialmente nas saídas erradas do gol, com a bola escapando de suas
mãos. Um trio de comentarista chamado de Giallapa, apelidou o arqueiro
de “saponetta”, ou sabonete em tradução para o português. Para piorar, o
apelido acompanhou o jogador até o final de sua carreira.
Em 16 fevereiro de 1992, a Lazio vencia o Ascoli por 1 a 0
até os 44 minutos, quando, em um cruzamento para a área, Fiori deixou a bola
passar, permitindo que Paolo Benetti só completasse para o fundo do gol, decretando o empate em 1 a 1. Os ultras passaram a questionar o goleiro, que
foi defendido pelo treinador Dino Zoff. Ainda em 1992, em dezembro, a equipe da
capital até venceu o Pescara por 3 a 2, mas o arqueiro falhou no gol do 2 a 2, pulando
completamente errado na conclusão de Allegri.
Foi relegado ao banco de reservas, com Orsi retomando sua
posição no 11 inicial. Fiori precisou se contentar em ser o goleiro das copas.
Na Copa Itália de 1993, a Lazio encarava o Torino pelas quartas de final. Os Biancocelesti
tinham a vantagem de 2 a 1 no placar até os 43 minutos do segundo tempo, quando
Enzo Scifo cobra uma falta na entrada da área. O chute saiu forte, porém, no
meio do gol, e Fiori não conseguiu encaixar a bola, que passa no meio de suas pernas. Um frango, determinante para que a partida acabasse empatada em 2 a 2.
A situação ficou insustentável, com torcedores da Lazio
protestando na porta do centro de treinamentos, com cânticos contra Fiori. Os
mais exaltados tentaram pular a cerca de proteção para agredi-lo. Apesar de ter
contrato até 1995, o clube decidiu negociar o jogador o quanto antes. O
“goleiro do futuro”, agora era odiado pela sua própria torcida e tratado com
uma peça negociável dentro do plantel.
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(Foto: Divulgação) |
Sem clima para continuar na capital italiana, foi negociado
por 2 bilhões e meio de liras para o Cagliari na temporada 93/94, que seria
histórica para os Rossoblú, já que disputaria a Copa da UEFA. Na Serie
A, a equipe ficou no meio da tabela, mas na competição europeia, Fiori foi um
dos protagonistas da grande campanha do time, que eliminou Trabzonspor,
Mechelen e Juventus, chegando até a semifinal, sendo eliminada para a campeã
Inter de Milão.
O desempenho do arqueiro foi bom na temporada seguinte, ajudando
o Cagliari a terminar na nona posição do campeonato. Porém, em 95/96, uma lesão
e nova queda de desempenho fizeram com que ele alternasse com Beniamino Abate
na meta. Sem o mesmo destaque de outrora, o presidente Massimo Cellino
comunicou o goleiro que seria negociado no meio de 1996. Ao todo, Fiori
disputou 99 jogos pela equipe.
Após três anos na Sardenha, foi para o Cesena disputar a
Serie B, em que o saldo não foi dos melhores. Além do rebaixamento, Fiori
sofreu com problemas físicos e perdeu a titularidade para Andrea Sardini. Logo
na temporada seguinte, retornou à elite, desta vez para defender a Fiorentina.
O goleiro veio para ser uma opção a Francesco Toldo, tanto que disputou somente
quatro jogos com a Viola.
Na temporada 98/99, acertou sua ida para o Piacenza. No novo
clube, começou como titular, mas novas falhas acabaram minando seu espaço, e
Sergio Marcon tomou o seu lugar debaixo das traves. Pelos Lupi, foram 29
partidas, até que surgiu uma oportunidade totalmente inesperada: o Milan
procurava um terceiro goleiro experiente e confiável para compor elenco. Mesmo
sabendo que praticamente não jogaria, Fiori abraçou a ideia com entusiasmo e
rumou para Milão.
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(Foto: Guerin Sportivo) |